domingo, 20 de julho de 2014

Da ontologia urbana

O observador caminha sobre paralelepípedos e cimento rachado; cacos de vidro e bitucas de cigarro; à volta com edifícios e janelas e portões e postes e luzes e muros escritos e calados e cartazes e outdoors e pontos de ônibus e árvores e carros e bicicletas e pessoas e cachorros, mas, principalmente, pessoas; comida e garrafas vazias e cheias e cigarros e fumaça e cheiros diversos e gestos e risadas e agressividade e indiferença e ostentação e miséria; quase não há flores exceto pelas que estampam os vestidos das moças; no entanto, florescem ali tantas coisas - belas e terríveis, vermelhas, cinzas, perigosas e inofensivas, naturais, não-naturais, razoáveis e incompreensíveis - que, ainda quando não encantem aos olhos, há que se dirigir a elas com atenção e dando-lhes nomes.

A cidade é um jardim de coisas.    

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