Zuummmmmm...
Se encontra numa sala
vazia. “zuumm..” é o barulho que anuncia sua chegada naquele
lugar, porque todas as coisas guardam um som característico quando
existe ao menos um ouvido lhes dirigindo atenção. Sua chegada, com
efeito, é um evento tanto quanto a sua permanência lá, que é o
que se quer, em todo caso, anunciar: Está lá.
Quem é? Que lugar é
esse? Qual o próposito da apresentação deste instante?
Craac. Mais uma
onomatopéia tangindo a presença invisível de movimentos e ações
que não foram descritos. Quebra alguma coisa com as mãos enquanto
ali dentro procura por algo. Há um objeto, ainda que vago, e algo
que é somente uma suposição (um desejo, intuição ou um
objetivo).
O processo se repete
uma centena de vezes em apenas alguns minutos. Em todo esse tempo, há
uma presença, movimentos inúmeros e muita indefinição.
Encontra-se, no entanto, aqui e ali imagens conspícuas. Encontra-se
também respostas, cada uma delas escritas em minusculas fitas de
papel como que oferecidas na medida incerta da sua aceitação. São,
sobretudo, tautologias inquestionáveis, pois são o que são e
apenas na medida incerta da sua aceitação.
“Algo maravilhoso irá
acontecer a partir daqui!”
Não se trata de mero
otimismo, contudo. A mensagem recorta no tempo uma linha difinitiva:
nada mais é o mesmo; o que existia antes parece agora se distinguir
do que virá a existir, pois, a partir daqui, existe um campo de
coisas boas possíveis, de coisas boas prováveis. Algo tão vago
quanto o objeto da busca das mãos que golpearam, querendo ali dentro
encontrar apenas.
Sssssssssss....
Ressoa baixinho quase
como o próprio silêncio, pois naquela sala vazia esse é o som de
um pensamento não revelado após outro, e outro. Mas ao redor de
cada um deles, paira agora esse belíssimo campo de maravilhosas
possibilidades, ininterruptamente.
Não se conhece o
futuro, mas o presente é instante perfeito para se receber
boas-novas, ainda que não se tenha a menor ideia do que são ou
serão; e mesmo na mais plena desconfiança de que venham mesmo a
ser.